Memorial Rodrigo Octávio
Síntese Histórica
Talvez você seja um estudante às voltas com uma pequena pesquisa escolar. Se este for o seu caso, conhecerá, então, a história de um jovem aluno de poucas posses que, não podendo adquirir os livros que necessitava, os tomava emprestados para estudar nas horas ermas, quando ninguém mais o fazia, sob o foco das luzes dos lampiões das alamedas da casa de Thomaz Coelho, como hoje é conhecido o Colégio Militar do Rio de Janeiro. No dia seguinte, haveria de devolvê-los e, portanto, era preciso aproveitar ao máximo a oportunidade que se lhe oferecia.
As dificuldades, contudo, não impediram que aquele jovem brilhante e dedicado estudante viesse um dia a graduar-se como o primeiro colocado de sua turma, tendo o seu nome inscrito no phanteon dos alunos de excepcionais méritos intelectuais daquele notável Estabelecimento de Ensino. Ressalte-se que, nos 111 anos de vida do Colégio Militar do Rio de Janeiro, apenas 11 deles lograram tal distinção.
Talvez você seja um Comandante, Chefe, Diretor ou mesmo integrante de uma das organizações militares de nossas Forças Armadas. Se este for o seu caso, terá a oportunidade de receber preciosas lições a respeito da arte de comandar.
Uma vasta cultura geral e profissional capaz de abranger uma visão clara dos objetivos a conquistar, contando, para isso, com a determinação férrea própria dos homens de decisão. Capacidade de aglutinar seus comandados e extrair de cada um o máximo em benefício do cumprimento da missão, sobretudo, pelo exemplo. "O DIFÍCIL SE FAZ AGORA; O IMPOSSÍVEL, DAQUI A CINCO MINUTOS", afirmava em uma de suas máximas, ao mesmo tempo em que se colocava permanentemente à frente de novos desafios. Humano e solidário, interessava-se pelos subordinados e familiares, jamais deixando de apoiá-los em suas mais elementares necessidades.
Talvez você seja um soldado de engenharia, ou mesmo de outra arma ou Força, e de qualquer posto ou graduação. Se este for o seu caso, terá a chance de conhecer o sentido da notável carreira de um Engenheiro que labutou, em todos os quadrantes do nosso Território. No sul do País, construiu, na condição de Comandante dos 2° e 1° Batalhões Ferroviários, o Tronco Principal Sul, obra gigantesca e motivo de merecido orgulho da nossa Engenharia Militar.
No Nordeste, enfrentou as agruras da seca inclemente, na luta para erradicar o subdesenvolvimento e a miséria, através da execução de obras de infraestrutura indispensáveis ao desenvolvimento da economia e à sobrevivência do homem do sertão.
Para esse mister, por sua exclusiva inspiração, foi criado o 1° Grupamento de Engenharia de Construção, do qual foi seu primeiro Comandante. Na Amazônia, empreendeu a maior jornada de sua vida. Artífice do surgimento do 2° Grupamento de Engenharia de Construção em Manaus, transferiu batalhões de engenharia, deu origem a outros para dispô-los de forma a rasgarem na selva os eixos de penetração que viriam a integrar definitivamente aquela vasta região ao restante do País. Assim é que surgiram a Manaus-Boa Vista (BR-174); a Cuiabá-Santarém (BR-163); a Cuiabá-Porto Velho (BR-364), todas frutos de sua sensibilidade estratégica.
Por fim, talvez, você seja apenas um cidadão como todos nós somos. Se este for o seu caso, terá o ensejo de se deparar com o perfil de um patriota que, durante toda a sua vida, sempre colocou os interesses do Brasil acima de quaisquer outros. Terá exemplos de austeridade e retidão no trato e da autenticidade na defesa das suas ideias, além de outros múltiplos aspectos que dignificaram a sua existência.
Obra General Rodrigo Octávio,
datada de 28/07/2010
Pintura do Coronel Estigarríbia